DESSERVIÇO AO CONSUMIDOR: A FARSA DA RECICLAGEM
Trata-se de um documentário produzido pela Netflix em 2019, atualmente com uma temporada de quatro episódios. Em seu quarto episódio aborda importante questão ambiental: produção e reciclagem de plásticos e seu impacto no ambiente.
Os dados apresentados são alarmantes. Afirma-se que até 2050 teremos mais plástico que peixes nos oceanos. Isso ocorre em razão da produção desenfreada desse material que dobra a cada década. E essa produção não segue em conjunto com políticas de descarte.
A todo momento encontramos nos mares, rios e córregos sacolas plásticas, recipientes e pet de refrigerante. Todo esse material produzido para alimentar a indústria petroquímica se desvincula a uma direta responsabilidade das indústrias pelo próprio material produzido. Plásticos são produzidos, mas a responsabilidade sobre o que se faz depois com esses materiais cabe ao consumidor final, isentando a indústria tanto de compensações ambientais, quanto de mecanismos que promovam a preservação do ambiente.
A própria produção de plástico representa perigo ambiental. Chaminés expelem fumaças de metais pesados e lixo tóxico que causam agravos respiratórios, principalmente em crianças e idosos que residem próximos às fábricas.
O meio ambiente responde aos ataques que a ela são proferidos. A China, que por muitos anos comprou plástico do mundo todo para investir na reciclagem, começou a sofrer as consequências. Névoas de metais pesados cobriram grandes cidades, resultado do processo industrial. Aliás, o montante de lixo produzido nos países ricos não era vendido para outros países ricos reciclarem, mas apenas para países em desenvolvimento. Cabia aos pobres processar o lixo que os ricos produziam, mesmo que isso implicasse em poluição para os pobres. Rapidamente, o sudeste asiático se tornou a lixeira do mundo, concentrando nesse local boa parte dos resíduos tóxicos produzidos.
Pressões políticas fizeram com que, a partir dos anos 70, fosse criada uma mentalidade de reciclagem. Assim, o Conselho Americano de Plásticos criou o símbolo de setas que usamos atualmente para representar a reciclagem. Organizações, como a Keep America Beautiful, foram criadas no intuito de promover as belezas ambientais e o fim do lixo.
Até os anos 90 são originadas muitas comunidades de coleta de lixo pelo mundo. E o número aumentava cada vez mais, de modo que em 2017 três quartos de todo plástico do mundo era comprado pela China. Nesse mesmo ano, Pequim decide não mais importar plástico para reciclagem com o objetivo de reduzir a poluição naquele país. Com essa medida, o plástico começa a ser entulhado em várias partes do mundo, criando lixões nos centros urbanos.
Apesar da conscientização da necessidade da reciclagem, a outra versão dessa conscientização não é contada. Os plásticos são divididos em sete categorias, de acordo com seu modelo de produção industrial, acréscimos de aditivos e outros produtos químicos. Apenas as categorias 1 e 2 são recicláveis; as categorias de 3 a 7 não são possíveis. Ou seja, a conscientização possui pouco impacto.
Num cenário de crescente degradação, produção desenfreada, poluição cada vez mais presente e sem se saber o que fazer com o lixo, surge a questão: vale à pena, como mostra a série, levar sacolas para o mercado para reduzir o consumo de sacolas plásticas? Ou as bolsas plásticas são apenas a ponta do iceberg de um problema que é muito maior que isso. Por trás das bolsas de mercado encontramos algumas das indústrias mais ricas do planeta que, com o intuito de produzir cada vez mais, gerando lucro para um processo de produção excludente e socialmente espoliativo, destrói tudo à sua volta.
Sozinha, a cruzada contra sacolas e canudinhos não resolverá o problema. Se tratarmos esses itens isoladamente e não compreendermos que o processo de produção precisa ser revisto, então os grandes lixões aumentarão cada vez mais.
O núcleo de todo problema, enfim, se encontra no desinteresse do poder público e industrial sobre o tema. Gerar resíduos é mais lucrativo que reciclá-los. Enquanto algumas embalagens possuem logística de reaproveitamento mais consagrados, como o alumínio, o plástico prossegue a ser um problema ainda em aberto e não resolvido.
Ao que parece, lamentavelmente, o lucro e a força do capital valem mais que o próprio planeta. Se nada for feito a respeito, em poucos anos teremos a total destruição do nosso meio ambiente e a extinção em massa de todo o ecossistema que compõe o nosso planeta.
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