por Breno Lucano
Não raro a ficção coaduna com a realidade. E com as histórias em quadrinhos não poderia ser diferente. Os fans da série Supergirl presenciam um dilema que aparece também no filme Batman vs Superman: os alienígenas estão entre nós e são muito, muito perigosos. Suas capacidades são quase ilimitadas e, porque não, divinas. Basta recordar Superman. São capazes de levantar prédios, voar à velocidade da luz, possuem visão de raio-x e super velocidade; não adoecem nunca e possuem sempre o ar probo e estão necessariamente à serviço do bem e da ordem, alavancando a humanidade ao desenvolvimento. É nisso que Kal-El pensa, é nisso que Kara Zor-El pensa.
Mas o que aconteceria se nem todos os alienígenas fossem assim tão bonzinhos? E se tivéssemos, por contraposição ao Caçador de Marte um Marciano Branco? Nem sempre general Zod foi mau e ele acredita realmente estar fazendo um bem ao tentar restabelecer uma nova Krypton na Terra. Krypton precisa renascer.
Mas a situação se complica quando esse alienígena chamado Zod possui os mesmos poderes que Superman. Ele também é indestrutível, também é veloz e possui visão de calor. Noutras palavras, é um quase-deus, como todos os kryptonianos que estiverem expostos ao sol amarelo.
Os homens podem não confiar nos alienígenas e com razão! Eles podem parar um trem para salvar uma criança, mas quem garante que não usarão todo esse poder em benefício próprio? Que garantia os humanos possuem que, de uma hora para outra, não surja um alienígena maluco que tente destruir a Terra? Ou pior, que o próprio Superman ou a Supergirl não percam o juízo e passem a não ser assim tão legais?
Os humanos tiveram que se proteger. É claro que as forças armadas tradicionais não seriam suficientes para deter tamanho poderio. Então surgem aglomerados governamentais para-militares como o D.O.E (Departamento de Operações Extranormais) e o Projeto Cadmus. Os alienígenas têm que ser detidos!
Teorias conspiracionistas surgem a todo momento. E Questão talvez não seja tão paranóico assim, embora ele represente uma parcela da população. O Governo supervisiona tudo, controla a todos, possue influências e tentáculos em toda a sociedade e a tudo vê de longe. E, quando realmente se faz necessário, faz operações pontuais. A noção de privacidade se esvai porque a todo momento você pode estar sendo monitorado. Senhas são quebradas, artigos de confidencialidade são suspensos. Todos são potencialmente alienígenas e devem ser presos, detidos e conduzidos para experimentos. O Governo cumpre essa benéfica função, a de cuidar dos homens de bem, dos cidadãos que defendem a fraternidade, a igualdade e a liberdade. O inimigo interno está a espreita. Basta um pequeno deslize!
E então homens de branco que cuidam das pessoas são extraditados. São os temíveis médicos cubanos que querem formar aquartelamentos no interior do país e comer criancinhas. As vacinas são venenos que, ao invés de prevenir doenças, atacam e matam cidadãos de bem. E os professores, que dizer dos professores? Esses são mais perigosos que Zod, porque eles eles doutrinam mentes vazias e fazem as meninas não depilarem as axilas.
Movimentos sociais? São gente da pior espécie! Preferível combater Sinestro que um militante que nada mais faz na vida que propagar que meninos não podem vestir rosa ou que negros devem esquecer Zumbi.
O inimigo interno está à solto e é preciso combatê-lo. Pelo menos é o que pensa Cadmus e Bolsonaro. Cadmus persegue alienígenas feios que podem pulverizar os homens com sua visão de calor. Comunistas são pessoas de má intenção que querem subverter os costumes. Ambos - alienígenas e comunistas - são traiçoeiros, se infiltram, manipulam, pensam no mal. Absolutamente não são pessoas boas.
Ao que parece a DC Comics possuem Projeto Cadmus. O Brasíl, Golbery e a Segurança Nacional. Talvez os alienígenas sejam mais inofensívos.
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