por Breno Lucano
Que estranho ministro que temos na educação. A matéria não nos deixa enganar - veja aqui - e Nietzsche tem algo a dizer. Mas algo bem diferente de jovens zumbis.
No livro ASSIM FALOU ZARATUSTRA, Nietzsche trabalho um dos seus temas mais populares, o niilismo. O autor faz uma crítica à idéia que nasce nos antigos de que as coisas necessariamente devem ter uma essência para além das aparências. Nasce a metafísica.
Devemos entender a metafísica como um ir escavando, procurando as causas, aquilo que não muda, apesar do que se vê empiricamente. Platão trabalha bem o tema e propõe um mundo dualizado, esquizofrênico. De um lado, as coisas em si, aquilo que elas são; do outro, suas aparências, notadas pelos sentidos e que são apenas sombras, como numa caverna.
Nietzsche rompe com essa idéia. Devemos lembrar do século XIX, nascimento da ciência como a conhecemos hoje, ascensão do positivismo que lhe serve de matriz. A argumentação de uma essência para além dos sentidos não fazia mais sentido porque as coisas em si não eram apreciadas pela ciência. A dualidade persiste: o transcendente existe, mas o status de real é dado apenas pelo empírico. Em termos religiosos, isso significa a morte de deus.
Nietzsche persegue a desvalorização de todos os valores, mas ainda preserva um valor, que é o de entendermos a realidade sem o transcendente. Ou seja, ainda há um valor: a realidade em que vivemos. E, claro, o valor da ciência.
O niilismo não é isso. O niilismo é a negação de todo e qualquer valor. Nada mais vale, nem mesmo a idéia de desvalorização vale.
O ministro da educação se espanta com o niilismo. Ou melhor, com a idéia que ele faz de niilismo. Por isso pensa que os jovens são zumbis. Se espanta com os jovens que perderam a fé, num mundo que perdeu o encanto. Ele quer por outra coisa no lugar, sua religião, sua crença. O que significa por valor na educação do governo Bolsonaro? Quem acreditaria num mundo que põe as crianças em perigo de morte por andar sem máscara no carro oficial?
Que ministro é esse que propõe o retorno a um período anterior ao Iluminismo?
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