Guerra ao Clitóris

Mulher com Burka
Por Breno Lucano

Em 19/02/12, a Secretária de Estado dos EUA, Hilary Clinton, enfaticamente condenou a mutilação genital sofrida por meninas em tribos islâmicas  na África. Segundo ONGS, a estimativa é de que 500 mil mulheres foram submetidas à mutilação e outras 180 corram o risco da circuncisão feminina. Leiam a reportagem aqui.

Em diferentes graduações, o ódio à mulher é comum no monoteísmo. Os textos não enganam: o pecado original a incensante vontade de saber passa primeiro por uma mulher, Eva. O ódio é, antes, contra tudo o que elas representam: o desejo, o prazer, a vida. Nada de sexo, o maior dos imperativos. A carne, o sangue, a libido, naturalmente associados às mulheres, proporcionam ao monoteísmo sanções ao próprio corpo. Tudo o que diga respeito ao corpo é indesejado, signo do impuro, do ilícito, o que deve ser escondido, e, se possível, suprimido.



A mulher cede espaço à esposa, única forma de compensar a malignidade natural das descendentes de Eva. Casando-se, fornecendo filhos, submissa em todas as ocasiões ao marido e nunca amante, eis as prescrições do judaísmo, cristianismo e islamismo. Quando cuidam do marido, cozinham para ele, educam os filhos, já não há espaço para o feminino. A esposa e a mãe matam a mulher, ditam regras socialmente estabelecidas, conduzem ao paraíso, onde não há impurezas, pecado e clitóris. Não mais uma mulher; antes, uma santa, uma Nossa Senhora.

Modelo de mulher
Mulheres, perigo da civilização. Mas os homossexuais também o são, segundo Bento XVI (leiam a imbecil novidade papal). Isso porque o exercício da sexualidade impede o divino propósito de Deus de estabelecer seu projeto patriarcal. A sexualidade livre e odiada por Deus é um entrave para a existência do pai, da mãe, da esposa e do esposo, além de primar pelo valor absoluto do homem em detrimento do sobrenatural.

Ao que parece, os habitantes de Sodoma e Gomorra não eram tão abomináveis assim, e, de uma forma muito mais autêntica que o Povo Eleito, souberam apostar numa comunidade que não cede espaço à mutilação e à pretendida impureza feminina. Os assim chamados sodomitas são, em última análise, aqueles que não se submetem ao autoritarismo de um deus que odeia o pecado e o pecador.






Enfermeiro formado pela UFRJ. Pós-graduado em saúde mental. Humanista. Áreas de interesse: Cinismo; materialismo francês; Sade; Michel Onfray; ética. Idealizador e escritor do Portal Veritas desde dez/2005.

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