Sobre as Cotas Étnicas

por Breno Lucano

Cotas raciais é um daqueles temas em que as pessoas, de modo geral, negam-se a ouvir. As pessoas gritam "esquerdista", "comunista", "fascista". Elas não conseguem ouvir. O ódio toma conta da reflexão. Já escrevi um pouco disso no texto Política Pública de Minorias.

A política étnica de cotas são uma tentativa de acelerar o processo de integração. Pelo processo normal os negros não ocupam os espaços que poderiam ocupar. Essa política serve para que ocorra o costume de se encontrar os negros nesses lugares, lugares onde historicamente não deveriam estar, mas agora estão. Esse é um passo para terminar com o preconceito. Isso ocorreu nos EUA com republicanos e democratas.

Claro, esse processo político não pode substituir o processo natural do liberalismo que diz que a escola deve ser pública e de boa qualidade e essa escola que fará integração. No Brasil a escola não fez esse papel. Os negros não conseguiram se manter nessas escolas. O motivo: preconceito étnico.



A política de cotas não é uma esmola do Estado porque ninguém é obrigado a aceitá -la. Ela é uma opção individual, uma escolha própria. E, através dela, veremos negros como deputados, juízes, médicos, enfim, posições que apenas os brancos historicamente estão acostumados a assumir.

A introdução de certas facilidades para alguns grupos possui a função de fazer com que todos, enquanto grupos sociais, possam conversar de igual para igual com outros grupos. Os negros não ficam incopetentes com as políticas de cotas, mas amplia a convivência entre as diversas culturas.

Devemos recordar que as políticas étnicas, bem como todas as políticas de minorias, vão para além do espectro de direita e esquerda. Assumem, antes, envergadura liberal. Vai no sentido de que o país deve dar livre a acesso a todos em todos os lugares; mas de modo acelerado: não dá para esperar mais 300 anos.

Apenas para terminar o texto, faço um pequeno exercício reflexivo. Pegue sua cidade. Pense em quantos vereadores e prefeitos negros já passaram por aí. Isso já diz muita coisa.


Enfermeiro formado pela UFRJ. Pós-graduado em saúde mental. Humanista. Áreas de interesse: Cinismo; materialismo francês; Sade; Michel Onfray; ética. Idealizador e escritor do Portal Veritas desde dez/2005.

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