Memórias de Jean Meslier: Quarta Prova

por Breno Lucano

O ataque do padre ateu à bíblia prossegue na quarta prova. Aqui, o Antigo e o Novo Testamento são analisados da mesma forma como nas provas anteriores, seguindo com a intenção de demonstrar de que modo que todas as religiões são falsas valendo-se de duas outras falsidades. A primeira delas de que seriam inverdades todas as promessas encontradas nas escrituras; a segundo, nas explicações místicas e alegóricas das ambíguas passagens da bíblia.


Pelo fato de nunca terem sido cumpridas, as professias judaico-cristãs não podem ser aceitas como demonstrações de veracidades de uma religião. Tais profetas, são caracterizados de dois tipos, embora ambos instrumentos de um mesmo deus: os que agiriam de boa-fé e aqueles que possuem a conduta marcada pela má-fé. Os de boa-fé são os fanáticos, os visionários, aqueles que, de algum modo, de entendem como inspiração da divindade. Por outro lado, os de má-fé são aqueles que conduzem multidões desesperadas. Tanto os profetas quanto as multidões são enganadas por falsas esperanças que nunca se cumpriram.

Mas como seria possível distinguir um verdadeiro profeta de um falso? Que critérios teríamos para verificar a correta interpretação da bíblia em meio a tantas alegorias e parábolas, e em meio a tantas interpretações também pretensamente corretas?

Meslier reitera que, mais uma vez, os cristícolas nunca conseguiram provar nada do que pretenderam ou preconizaram, jamais apresentaram critérios sólidos sobre os quais eles pudessem fundamentar de modo convincente e definitivo os seus dogmas. Sendo assim, é natural que abominem a razão, o único caminho conforme o autor pelo qual poderemos nos conduzir por fora das imposturas e mistificações. 


Enfermeiro formado pela UFRJ. Pós-graduado em saúde mental. Humanista. Áreas de interesse: Cinismo; materialismo francês; Sade; Michel Onfray; ética. Idealizador e escritor do Portal Veritas desde dez/2005.

2 comentários :

  1. Entendi que os profetas considerados são os bíblicos, mas fiquei curioso. No caso de Antônio Conselheiro, como seria classificado? De boa ou má fé? Fanático ele era; acreditava no que dizia. Por outro lado, conduziu multidões à ruína. Como classificá-lo?

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  2. Fernando, é muito possível que Meslier entendesse Conselheiro como mais um dos muitos fanfarrões que a história preserva o nome. Lembremos: Meslier era absolutamente contrário a todas as fundamentaçoes religiosas e metafísicas.

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