Moral e Caráter

por Breno Lucano

Todo ato moral, qualquer que seja, implica necessariamente em consciência e liberdade. Isto porque consciência e liberdade são indispensáveis para a moralidade ou, em outras palavras, apenas é moral o indivíduo que seja consciente de seu ato e esteja livre para optá-lo.

Contudo a moralidade é um evento social. Embora exercido indivudalmente, as bases que incindem sobre a moralidade possuem fundamentação em interesses e necessidades sociais. A atividade moral se realiza no quadro de várias condições das quais fazem parte os valores, princípios, normas, tal como a estrutura ideológica que existe nas instituições e meios de comunicação em massa. Mas deixemos de lado por hora os mecanismo através dos quais tais instituições influem a moralidade e passamos a investigar tão somente o indivíduo.



O modo como a vida moral se constitui individualmente não sofre influência da expontaneidade nem é algo imprevisto. Ele é fruto do caráter. O modo de decidir e de agir não é casual, mas corresponde a uma maneira peculiar de reagir. Essa maneira específica confere certa previsibilidade no agente. Alguém que esteja sempre decidindo e possua determinada visão de valores direcionados para determinada coisa possivelmente terá suas ações e escolhas futuras direcionadas para a realização de tal coisa. O conjunto de formas previamente definidas e constantes de se comportar constituem o caráter.

Não se pode negar que traços do caráter possuem influência orgânica. Bastaria avaliar os estudos em psicopatologia. Contudo, o caráter possue também vinculação social e na participação do indivíduo na vida social, como escolas, meio familiar, locais de trabalho e o próprio ofício nas instituições.

Possuindo o caráter também vinculação social, ele não é invariável, mas adquirido, sendo modificável, alterável. Em seus primórdios há algo muito característico: marca a relação entre os indivíduos. Donde se conclui que não há qualquer possibilidade da moralidade em solidão.

Sendo adquirido, o caráter se consolida  e adquire uma série de qualidades morais sob o influxo da educação e da própria vida social. Tais qualidades morais adquiridas, nele presentes de tal forma como característica sua e que se realiza concretamente, tradicionalmente damos o nome de virtudes.


Enfermeiro formado pela UFRJ. Pós-graduado em saúde mental. Humanista. Áreas de interesse: Cinismo; materialismo francês; Sade; Michel Onfray; ética. Idealizador e escritor do Portal Veritas desde dez/2005.

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