Crates de Atenas


Crates e Hipárquia
(21) Crates, cujo pai chamava-se Antigenes, nasceu e Atenas no demo de Tria; foi aluno e ao mesmo tempo amásio de Polêmon, a quem sucedeu como escolarca. Os dois eram a tal ponto apaixonados um pelo outro que não somente tinham os mesmos interesses e atividades, mas também até o último alento tornaram-se cada vez mais semelhantes entre si, e depois de mortos tiveram uma sepultura comum. Por isso, Antagoras escreveu sobre ambos o seguinte epigrama:



"Estrangeiro que passas, dize que nesse sepulcro jazem Crates divino e Polêmon, homens magnânimos pela concórdia, de cujos lábios inspirados fluíram palavras sagradas, e cuja existência, assentada em doutrina sadia, preparou-os para uma brilhante imortalidade." 

(22) Ainda por isso Arcesilau, que havia deixado Teofrasto e ido para a sua escola, disse deles que ambos eram deuses ou remanescentes da idade de ouro. Desdenhavam a popularidade, assemelhando-se ao flutista Diodisôdoros, que se vangloriava, segundo diziam, pelo fato de ninguém ter ouvido suas melodias - todos preferiam as de Ismeninas - nem numa trirreme, nem junto a uma fonte. Segundo Antígonos, Crates tinha a mesa em comum com Crantor, e ambos e Arcesilao viviam juntos em harmonia. Arcesilao e Crantor moravam na mesma casa, enquanto Polêmon e Crates viviam com Lisiclés, um dos cidadãos. Como já dissemos, Crates era o amásio de Polêmon, e Arcesilau de Crantor.

(23) De acordo com Apolodoro no terceiro livro de sua Crônicas, Crates, ao morre deixou muitas obras; algumas sobre filosofia, outras sobre a comédia, e ainda orações pronunciadas diante do povo ou por ocasião de embaixadas; deixou também discípulos ilustres, entre os quais Arcesilao, que ouviu suas liçõles e de quem falaremos depois (ele foi igualmente discípulo de Crates); outro foi Bión de Borístenes, conhecido mais tarde com o Teodoreano por causa da escola a que se juntou (falaremos dele em seguida a Arcesilau).

Houve dez personagens com o nome de Crates: o poeta da Comédia Antiga: um retor de Trales, discípulo de Isócrates; um construtor de tossos que acompanhou Alexandre, o Grande; o filósofo cínico, de quem falaremos mais tarde; um filósofo peripatético;  o filósofo acadêmico descrito acima; um gramático de Malos; um autor de uma obra sobre geometria; um poeta epigramático; e um filósofo acadêmico de Tarsos.


Diógenes Laércio, Livro IV, Capítulo 4


Enfermeiro formado pela UFRJ. Pós-graduado em saúde mental. Humanista. Áreas de interesse: Cinismo; materialismo francês; Sade; Michel Onfray; ética. Idealizador e escritor do Portal Veritas desde dez/2005.

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