Dentre a imensa produção do filósofo persa, que vai da medicina à lógica, da física à música e às doutrinas esotéricas da religião, abordaremos somente as teses que foram acolhidas e repensadas no século XIII por Tomás de Aquino, João Duns Escoto e tantos outros, passando a integrar o movimento que ficou conhecido como avicentismo latino.
Antes de mais nada, deve-se destacar a distinção entre ente e essência, o primeiro concreto e a segunda abstrata. Os homens, por exemplo, constituem o ente, ao passo que a humanidade constitui a essência. Os primeiros existem de fato, mas a segunda prescinde a existência, pois representa a definição ou a quid est, que em si mesma, não denonta a existência nem a não-existência, a necessidade ou a contingência: "Equinitas est tantum equinitas", ou seja, a "cavalidade" é tal e isso basta, escrevia Avicena. Portanto, uma coisa é a essência e a outra existência. E a primeira, em si mesma, não denota a segunda.
Ademais, no que se refere ao ente real, é preciso distinguir entre o ser necessário e o ser possível. Aquilo que existe de fato, mas que, em si mesmo, poderia também não existir é chamado por Avicena de ente possível: trata-se do ser que não tem em si mesmo a razão de sua própria existência, encontrando-a em uma causa que o fez ser. Diferente do ser possível é aquele ser que existe de fato e de direito ou ser necessário, isto é, o ser que não pode deixar de ser, porque posslui em si mesmo a razão do seu existir. Essa distinção é fundamental, porque separa o mundo de Deus: um é apenas possível, pois sua existência atual é contingente, não postulada por sua essência, ao passo que o outro é necessário; o primeiro é dependente, o segundo é independente. Escreve Avicena: "O ser necessário é apenas um, assumindo o grau de primeiro princípio e causa primária. (...) É evidente que o ser necessário é numericamente um e está claro que tudo aquilo que se encontra fora de sua essência, considerado em si mesmo, é apenas um possível em relação à sua existência, sendo por isso um causado. Essa é a razão pela qual, na cadeia das coisas causadas, chega-se ao ente necessário."
REALE, Giovanni & ANTISERI, Dario. História da Filosofia: Antiguidade e Idade Média.São Paulo: Paulus, 1990. p. 553-554
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Antes de mais nada, deve-se destacar a distinção entre ente e essência, o primeiro concreto e a segunda abstrata. Os homens, por exemplo, constituem o ente, ao passo que a humanidade constitui a essência. Os primeiros existem de fato, mas a segunda prescinde a existência, pois representa a definição ou a quid est, que em si mesma, não denonta a existência nem a não-existência, a necessidade ou a contingência: "Equinitas est tantum equinitas", ou seja, a "cavalidade" é tal e isso basta, escrevia Avicena. Portanto, uma coisa é a essência e a outra existência. E a primeira, em si mesma, não denota a segunda.
Ademais, no que se refere ao ente real, é preciso distinguir entre o ser necessário e o ser possível. Aquilo que existe de fato, mas que, em si mesmo, poderia também não existir é chamado por Avicena de ente possível: trata-se do ser que não tem em si mesmo a razão de sua própria existência, encontrando-a em uma causa que o fez ser. Diferente do ser possível é aquele ser que existe de fato e de direito ou ser necessário, isto é, o ser que não pode deixar de ser, porque posslui em si mesmo a razão do seu existir. Essa distinção é fundamental, porque separa o mundo de Deus: um é apenas possível, pois sua existência atual é contingente, não postulada por sua essência, ao passo que o outro é necessário; o primeiro é dependente, o segundo é independente. Escreve Avicena: "O ser necessário é apenas um, assumindo o grau de primeiro princípio e causa primária. (...) É evidente que o ser necessário é numericamente um e está claro que tudo aquilo que se encontra fora de sua essência, considerado em si mesmo, é apenas um possível em relação à sua existência, sendo por isso um causado. Essa é a razão pela qual, na cadeia das coisas causadas, chega-se ao ente necessário."
REALE, Giovanni & ANTISERI, Dario. História da Filosofia: Antiguidade e Idade Média.São Paulo: Paulus, 1990. p. 553-554
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