Uma versão prudente da felicidade está desenhada por André Comte-Sponville (1952 - ), professor de filosofia na França e humanista ateu, personalidade envolvente, que escreveu o Tratado do Desespero e da Beatitude (198) e A Felicidade, Desesperadamente (2001).
A vida tem sentido? Como ser feliz?
A felicidade é viver a vida com espírito de desengano, sem ilusões, sem desejos falazes, sem falsas esperaças. A felicidade consiste na astúcia de conviver com a dimensão trágica do existir. Felicidade é esperar da vida aquilo que esta pode dar, e nada mais. É saber denegar o horror existente, para não ficarmos aprisionados por ele. Felicidade é conseguir o maior nível de prazer naquilo que temos e fazermos o momento.
Retomando o ideal oriental-estóico-epicureu de "silenciar os desejos e esperanças", Comte-Sponville faz residir a felicidade possível no defrute do que já temos e não das coisas ausentes, no prazer daquilo que já estamos usufruindo e não daquilo que esperamos, no conhecimento e na curtição daquilo que já estaos executando e não daquilo que a eternidade nos dará. Curta o momento presente! Ame-o com felicidade! Sobre as coisas futuras o homem não tem conhecimento, não tem poder, não tem prazer. A felicidade exige que renunciemos à esperança futura: é uma felicidade a ser buscada desesperadamente.
Uma "felicidade desesperada" ecoa a penúria dos cínicos gregos, os quais desprezavam as ilusões da vida e mantinham a imperturbabilidade diante do espetáculo das coisas, que fluem cada qual para o seu destino: "O homem - diz Comte-Sponville - é grande somente quando tem consciencia de sua miséria. Deus não diz nada."
MARCHIONNI, Antônio. Ética, a Arte do Bom. Vozes: Petrópolis, 2008. p223
A vida tem sentido? Como ser feliz?
"Só é feliz quem perdeu toda esperança, porque a esperança é a maior tortura, e o desespero (não esperar nas coisas futuras) é a maior felicidade." (livro indiano Mohabharada)
A felicidade é viver a vida com espírito de desengano, sem ilusões, sem desejos falazes, sem falsas esperaças. A felicidade consiste na astúcia de conviver com a dimensão trágica do existir. Felicidade é esperar da vida aquilo que esta pode dar, e nada mais. É saber denegar o horror existente, para não ficarmos aprisionados por ele. Felicidade é conseguir o maior nível de prazer naquilo que temos e fazermos o momento.
Retomando o ideal oriental-estóico-epicureu de "silenciar os desejos e esperanças", Comte-Sponville faz residir a felicidade possível no defrute do que já temos e não das coisas ausentes, no prazer daquilo que já estamos usufruindo e não daquilo que esperamos, no conhecimento e na curtição daquilo que já estaos executando e não daquilo que a eternidade nos dará. Curta o momento presente! Ame-o com felicidade! Sobre as coisas futuras o homem não tem conhecimento, não tem poder, não tem prazer. A felicidade exige que renunciemos à esperança futura: é uma felicidade a ser buscada desesperadamente.
Uma "felicidade desesperada" ecoa a penúria dos cínicos gregos, os quais desprezavam as ilusões da vida e mantinham a imperturbabilidade diante do espetáculo das coisas, que fluem cada qual para o seu destino: "O homem - diz Comte-Sponville - é grande somente quando tem consciencia de sua miséria. Deus não diz nada."
As Éticas do Prazer são reconduzíveis a uma visão de homem expressa pelo poeta romano Giocchino Belli (1791 - 1863) numa poesia em dialeto romano, intitulado O Cafeteiro Filósofo:
Os homens deste mundo são iguaisa grãos de café no moedorzinho,um antes, um depois e outro atrástodos eles vão a um destino.A miúdo trocam de lugar e empurra amiúdeo grão grande o grão pequenininhoe se acotovelam todos no ingressodo ferro que os tritura em pozinho...
MARCHIONNI, Antônio. Ética, a Arte do Bom. Vozes: Petrópolis, 2008. p223
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