Sexo Gay na Novela

por Breno Lucano

Em 2016 a Rede Globo finalmente colocou, mesmo que às 23: 00 h, na novela Liberdade, Liberdade, uma cena de sexo entre homens. Em várias outras produções, mesmo que implicitamente, o sexo foi dramaturgicamente construído, mas nunca com o mesmo tom de Liberdade, Liberdade.

Como sempre, grupos conservadores denunciaram a tal cena, mas, dessa vez, não usaram mais argumentos tais como "e se meus filhos verem" e coisa do tipo. Era tarde, crianças dormindo. Contudo, a imaginação será sempre fértil para se criar algo para denegrir o que se discorda. Pessoas ditas conservadoras sempre gritarão, pessoas que não possuem articulação com a cultura e a escolaridade e que só transam à noite, no escuro, para procriação, uma vez ao ano: fora disso, teremos pecado!



Mas há outros comentários, os favoráveis. Esses foram os problemáticos, foram aqueles que, mesmo não sendo conservadores, ainda assim apresentam alguma sombra do conservadorismo. Aprovam a cena, mas com reticências. E, então, tecem comentários pudicos, como "não foi apelativo", "houve muito carinho" ou "foi uma cena de sexo suave, não violência". É a verdadeira face do beba com moderação.

A geração que escreveu tais comentários, jovens sem sombra de dúvida, mas com ranço de um passado que vê o nu com pudor e que sequer sabe o que é uma ereção, é uma geração de moderação, uma geração com pouca vitalidade e vigor. Ela possui configuração anti-dionisíaca e que vê os extremos como perigo; o anti- nietzschiano que goza sem gozar, que desfruta sem desfrutar, uma virgem que transou somente com duas pessoas a vida inteira. O extravasamento não lhe faz mais sentido e a potência de si própria perdeu sua força.  É um eu que deixou de ser eu.

A nova geração se deixa dominar pelo espírito apolíneo, onde tudo é ordenado, padronizado. É aquele que diz que para se fazer sexo são necessários alguns instantes, numa noite romântica, céu estrelado e odor de rosas. Um avesso de Cinquenta Tons de Cinza que celebra o libertino que não é promíscuo e que pretende angariar um lugar no Paraíso, entre os santos de Deus.

Será essa a geração capaz de produzir os Super-Homens de amanhã?


Enfermeiro formado pela UFRJ. Pós-graduado em saúde mental. Humanista. Áreas de interesse: Cinismo; materialismo francês; Sade; Michel Onfray; ética. Idealizador e escritor do Portal Veritas desde dez/2005.

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