Marco Aurélio no Danúbio: Preliminares do Enfrentamento Marcomano


É fácil dar-se conta do difícil momento passado pelo imperador nesses longos meses nos anos 166 a 169. As medidas que leva agora adiante para reforçar o exército e a minunciosa preparação para a grande guerra nos deixam ver claramente a a ameaça que, para Marco, representavam esta série de pontos fronteiriços.

Marco Aurélio, em vista dos poucos recursos do tesouro romano, leiloa parte de seus próprios bens, conseguindo soma suficiente para os gastos necessários com as guerras que se dispõe a iniciar.

Outono do ano 169, o imperador regressa a Carnuto, base da Legião XIV Gemina, e passa a revista no exército reunido e preparado por seus generais.

Dispõe Marco Aurélio de dez legiões completas, as auxiliares nos são desconhecidas, porém, por lógica, eram similares aos exércitos. Assim, não seria demais quinze alas de cavalaria e sessenta coortes de infantaria, além de concurso de outros tipos de unidades, como as provenientes das frotas do Danúbio, os numerosos e diferentes contingentes bárbaros que Marco não se privava de tornar mercenário para combater os marcomanos.



Neste ponto, as fontes se contradizem. Dizem que Marco Aurélio não teria escrúpulos em utilizar os serviços de muitos grupos auxiliares bárbaros. É muito claro que não queria vê-los combatendo dentre das fronteiras do Império. Assim, quando Avídio Cássio se subleva no Egito, Marco utiliza a força de algumas das grandes tribos danubianas.

A guerra se localiza em toda a linha fronteiriça que se estendia desde Agri Decumates, na Dácia. Também intervieram, portanto, em operações secundárias, as legiões da Dácia, Mesia e Germania Inferior, ainda que, como veremos, a principal frente de guerra estará situada nos territórios das atuais Boêmia, Morávia e a parte mais baixa e habitável da República Eslovaca, pois a maior parte dela é formada por montanhas pertencentes ao sistema monhanoso dos Carpatos.

Durante esta sua primeira instância em Carnuto, e ante a mais que visível preparação que levam adiante as forças romanas, são muitos os chefes tribais que solicitam diálogo com o imperdor.

Há agor dois fatores que influenciam o atual seguimento dos acontecimentos: por um lado, o previsível ataque romano às tribos situadas do outro lado do Danúbio obriga a muitos destes a tomar partido de um ou outro lado implicado. Por outro lado, se verificam contínuos movimentos tribais, novas comunidades que, muito além da Boemia e Morávia, desembocam finalmente na fronteira romana à procura de terras e riquezas.

Durante esta fase pré-bélica, e a título de exemplo, se comenta o caso de Battarius (um garoto de 12 anos) que liderou certo número de tribos, com o que o imperador chega a um acordo de paz. Os quados, sobre os quais cairá o primeiro golpe romano, chegam rapidamente a um acordo com Marco Aurélio. Parece que se acusa os marcomanos de subjugar todos os povos circundantes na guerra contra Roma. Os marcomanos se configuram, assim, como um povo temível que subjuga os mais fracos, neste caso, os quados. Os quados entregam agora a Roma o controle de muitos pontos fortificados, devolve os prisioneiros tomados nas incurssões preedentes (um grupo de 12.000 homens é enviado ao outro lado do Danúbio), assim como o comum grupo de desertores. Dessa forma, as pressões do outro lado do Danúbio se fragilizaram. Formaram-se muitos tratados e, como consequencia, uma série de comunidades germanicas são assentadas em território romano, repartindo-se pelas províncias envolvidas e até mesmo na própria Itália, na região da Gália Cispadana. Essa decisão imperial foi fracassada, pois pouco tempo depois abandonaram seus lugares de assentamento e se dedicavam a pilhagem, causando danos e intranquilidade na Ravena.

Um ponto importante é que Marco Aurélio anulou a solicitação quada de manter os mercados nas fronteiras. Os romanos temiam que sármatas e marcomanos pudessem infintrar-se, confundidos com germanos pacificados e revelassem informações sobre as condições militares do império. Também se queria evitar que pudessem comproar víveres, algo comum em tempo de paz, mas em guerra, uma importante base de pressão sobre estas belicosas nações fronteiriças.

Por esses anos (170/171), dois novos grupos tribais chegam a árrea danubiana, os Astingi e os Lacringi. Os Astingi, provavelmente vandalos, liderados por dois chees, Raus e Raptus, alcançaram a fronteira da Dácia, solicitando ao imperador permissão para assentamente em seu território. Nem um nem outro foi concedido, tendo em vista sua inferioridade - os germanos, evidentemente, não eram rivais para os romanos precisamente prepardos para iniciar uma grande companha. Optaram por seguir a saída mais natural nesses casos: atacar e expulsar de seus territórios as tribos germânicas assentadas.


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